segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Arte contemporânea sem polêmica???


Num curso de arte contemporânea de 1960 a 1990, uma colega apresentou Arthur Bispo do Rosário, no fórum de debate fiz uma colocação sobre os critérios contemporâneos. Pois o próprio Arthur Bispo, se via como um missionário e foi o “universo da arte” que o classificou e o entitulou como artista. Nada contra, nem a favor.
Colegas do curso,  por seus comentários, acharam que eu estivesse talvez “diminuindo” o valor da “obra” do artista. A tutora do curso, disse onde a obra de Arthur Bispo foi exposta (Veneza 2005(?)) e agora na 30ªBienal. e quis encerrar a polêmica com a frase imperativa(?): “-Arthur Bispo do Rosário é artista e ponto.”

Colegas arte-educadores, estou aqui relatando, me mordendo de vontade de questionar no fórum do curso, se existe lugar para uma afirmação tão conclusiva, nas próprias proposições da Arte Contemporânea???

Ajudem-me (pra eu não pirar nos meus pensamentos):

A). Serei eu, um inoportuno artista, arte-educador que quer achar pêlo em ovo?

B). Será que a tutora já se acha uma estrela no “universo da arte” e nem consegue mais examinar as coisas se distanciando do seu “mundinho”?

C). Será que os colegas do curso só aceitam elogios e evitam polemizar?




2 comentários:

André Soares disse...

Fico com as alternativas B e C! Concordo muito com sua visão diante dessas proposições da arte contemporânea. Estive numa das visitas pra professores da Bienal e claro que ao passarmos pelo 'corredor Bispo do Rosário' rolou a polêmica é arte ou não é, ele era artista ou não era. Enfim, os professores queimaram uns aos outros, o tempo da visita estava esgotado e ficou aquela não-resposta no ar. Um dos pontos interessantes da conversa foi se dar a chance de ver o Bispo não como um artista PLÁSTICO pela sua produção de artefatos, mas talvez como um performer ou artista conceitual. E claro, essas visões do Bispo como artista ficam por conta dos colecionadores que atribuem valor artístico e comercial para seus objetos, e por nós, que tantas vezes nos relacionamos com o mundo como um questionário exato e lógico de SIM ou NÃO. Quando o curador seleciona Bispo do Rosário pra uma exposição, creio que a ideia é justamente nos fazer questionar o quê é Arte em Bispo do Rosário: seus objetos, sua poética - que era também sua filosofia de vida -, suas ações? Ou não é Arte, mas uma boa proposta de diálogo com a Arte??

Unknown disse...

Também concordo com ambos pontos de vista, acredito eu que de qualquer forma tal seleção merece um diálogo interessante que causa talvez muito incômodo, sendo assim é bem possível achar pêlo em ovo.Afinal...Temos essa liberdade de questionar toda verdade que é dita "absoluta" e estar aberto claro a descobertas com os questionamentos.